Aparentemente,
o Clube Atlético Paranaense, em sua gestão 'CAP GIGANTE' está numa verdadeira
jornada pela proteção e efetivação de um dos direitos mais fundamentais
inerentes ao ser humano, o da sua dignidade.
É
realmente comovente ver o romance elaborado em busca de tapar o sol com a
peneira. Que "o futebol não é uma guerra” é óbvio para qualquer vivente em
sociedade, em que pese muitos desses insistam em protagonizar cenas lamentáveis
de violência gratuita que nos fazem questionar sua capacidade cognitiva.
Mais
certo ainda é a necessidade de clubes, órgãos públicos e autoridades de
segurança tomarem medidas a fim de devolver ao desporto a paz que lhe é devida
para sua prática, bem como, para que os aficionados possam livremente
acompanhar e se expressar em prol da agremiação com a qual mais simpatizam.
De
qualquer maneira, chega a ser vergonhosa a tamanha infantilidade expressa na
Carta Aberta do Clube Atlético Paranaense, tendo em vista a tamanha demagogia
que escorre em cada frase.
“Estamos
tentando reparar algo que faz parte do direito fundamental dos seres humanos”
[...] "Estamos, sim, trazendo de volta o que é certo e correto" [...]
“Aqueles que não puderem conviver pacificamente com o torcedor do outro clube
ao seu lado, não pode(m) viver em
uma sociedade” [...] “Nunca serão de torcida única, serão sempre jogos de uma
torcida humana, pacífica e ordeira" [...] "Que a sociedade nos
julgue”. (Grifo nosso).
Por
esta senda já é possível ter-se uma ideia do teor do restante da Carta.
Diferentemente
daquilo que acusa a atual gestão do CAP, nós, contrários à medida da torcida
única, da maneira como está sendo adotada pelo Clube e pelo Ministério Público
– frisa-se –, não "defendemos o errado ou o espaço confinado da torcida
adversário(a)", nós
defendemos o torcedor de bem, aquele, aliás, que tem mais direitos restringidos
por conta dessa 'estratégia'. (Grifo
nosso)
Ademais, como
deixado claro em aludida carta, o que se visa é assegurar ao torcedor,
sobretudo, sua dignidade enquanto ser-humano.
Ocorre que
não podemos distorcer o verdadeiro sentido de um ser-humano “digno”. Nossa
sociedade, em um sentido macro, buscou e ainda busca evolução dia após dia do
verdadeiro significado da dignidade humana.
Como
sugestão, utilizamo-nos da didática do ilustre Immanuel Kant, filósofo alemão
que, em linhas gerais, atribui a dignidade como um elemento finalístico, isto
é, um ser-humano digno, seria aquele capaz de realizar-se, de em pleno gozo da
sua capacidade ter a decisão do seu destino.
Nesse sentido,
segregar cânticos, cores e costumes adversários se mostra uma atitude digna por
parte da “humana gestão” que gere o CAP?
Veja
bem, a visão de futuro que a Diretoria possui não é ruim. Ora, quem não
gostaria de frequentar estádios para ver seu time, da mesma maneira com que
muitos vão aos jogos das seleções na copa do mundo, ou de esportes americanos,
isto é, com torcedores de ambas as equipes, lado a lado, torcendo e vibrando.
O
que se questiona é a forma como vem sendo feita.
Percebe-se
que a Diretoria, bem como, o Ministério Público do Estado do Paraná, não
pretendem outra coisa senão lavarem as mãos acerca do problema da violência no
futebol, uma vez que, impedindo as torcidas de frequentarem estádios rivais,
apenas jogam as brigas generalizadas para longe dos holofotes, em terminais de
ônibus, praças públicas, ruas e grandes avenidas.
Ademais,
a simples extinção do 'setor visitante’ não resulta em que haja no estádio
torcedores apenas do time da casa, vide as recentes partidas contra Internacional
e Flamengo, cujas torcidas compraram seus ingressos para acompanhar os jogos na
Arena da Baixada, gerando enorme insegurança aos atleticanos que pretendiam
fazer-se presentes.
Não
se pode olvidar de que em tempos atrás tínhamos cenários muito favoráveis ao
futebol paranaense, com diversos Atletibas no Couto Pereira sem a divisão de
torcidas, sendo que cada grupo organizado se posicionava em seus tradicionais
extremos do estádio.
Contudo,
a realidade vivida atualmente é demasiadamente complexa. Anos se passaram.
Brigas, ofensas, mortes. A simples retirada das divisões entre os torcedores
adversários sem o mínimo de cuidado nessa transição de culturas de torcida que
a Diretoria do Atlético nos impõe representa uma verdadeira irresponsabilidade,
expondo diversos torcedores ao risco de deparar-se com um adversário na
arquibancada que, por um motivo ou outro, crie uma desavença e inicie a
confusão.
Aliás, já
tivemos a lamentável experiência do que a ausência de segurança (e de divisão
de torcidas de maneira satisfatória) pode acontecer. Infelizmente o último jogo
de 2013 ficou marcado pela selvageria protagonizada entre criminosos que dizem
representar a torcida do Atlético e do Vasco.
Infelizmente,
não podemos presumir a boa-fé e estamos na iminência de mais uma partida entre
as duas equipes. Será que um pai de família confia na decisão do clube e
acreditará que não teremos problemas nesse jogo? Ou será que este mesmo pai se
sente plenamente seguro na palavra do I. Promotor Maximiliano Deliberador (que
data vênia, nunca deve ter pisado em um estádio de futebol)?
Como
seria perfeito o mundo em que a Diretoria do Atlético Paranaense desenhou em
sua Carta. Onde todos fossem perfeitamente racionais a ponto de ignorar os mais
intensos impulsos de emoções durante uma partida de futebol.
A
intenção é boa. A forma como está sendo feita, grotesca. A Carta, cujo conteúdo
encontra-se abrilhantado por pequenos erros gramaticais, é ingênua e
desprendida de qualquer vínculo com a realidade.
Vamos
todos juntos por amor ao Furacão! Ao Furacão!
Excelente texto! Infelizmente hoje quem frequenta o estádio está indo com insegurança, não sabemos se haverá uma briga ao nosso lado, se estamos "seguros". Vou para o estádio com meu marido e os meus dois filhos que são sócios e tenho muito medo por eles, todo jogo penso se devo ou não levar eles. A torcida única tirou a sensação de segurança que tinha em levar meus filhos. Hoje vejo foco de discussão em todo o estádio, coisa que não existia antes deste projeto. Espero sinceramente que isso seja repensado antes que essa discussão vire uma briga generalizada e que pessoas inocentes se machuquem.
ResponderExcluirele querem que de brigas,asim tem argumentos para proibir de vez os vizitantes!
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