quarta-feira, 5 de setembro de 2018

#3 - Torcida Única é Perder Dinheiro!


Não obstante aos problemas relacionados à segurança pública mencionados na resposta à carta publicada pelo Clube Atlético Paranaense, também não podemos deixar de mostrar que sob o ponto de vista econômico a ideia da torcida única passa longe de ser uma boa ideia.
 
Em pesquisa divulgada pelo Paraná Pesquisas em 26 de dezembro de 2016[1], mostra o CAP como a 5ª agremiação com mais torcedores na região Sul do Brasil, estando atrás de Grêmio, Internacional, Corinthians e Flamengo, respectivamente.

O mesmo instituto realizou pesquisa similar em 2012[2], em que mostra o clube paulista supracitado encabeçando a lista de adeptos no estado do Paraná. Em segundo lugar, o CAP possui números similares a Palmeiras, São Paulo, Coritiba e Flamengo.

Por fim, não obstante a clara liderança do CAP nas pesquisas direcionadas a cidade de Curitiba[3], percebe-se certa predileção sobre agremiações de fora do estado, como as já citadas acima.  

Em um exercício básico, traçamos um quadro comparativo entre partidas entre CAP e equipes que possuem números similares no estado do Paraná.

Na 4ª rodada do Campeonato Brasileiro, quando ainda disponibilizado o setor para os visitantes, a torcida do Palmeiras adquiriu 4.602 ingressos, gerando a arrecadação de R$ 367.400,00 (trezentos e sessenta e sete mil e quatrocentos reais) ao CAP. O público total daquela partida foi de 19.077 pagantes e a arrecadação de R$ 733.565,00 (setecentos e trinta e três mil, quinhentos e sessenta e cinco reais).

Por outro lado, na partida válida pela 11ª rodada entre CAP e São Paulo, já sob o regime do “Projeto Torcida Única” levou 8.257 pagantes ao estádio, com arrecadação de R$ 228.490,00 (duzentos e vinte e oito mil, quatrocentos e noventa reais). A título de curiosidade, a partida entre as mesmas equipes válida pela Copa do Brasil e com espaço reservado aos visitantes, levou 22.865 espectadores ao Estádio Joaquim Américo Guimarães, sendo 2.172 adeptos do São Paulo para uma arrecadação de R$ 102.300,00 (cento e dois mil e trezentos reais) apenas com a venda de ingressos para os forasteiros.

Obviamente, pode-se argumentar que a queda no público também se deu em razão das circunstâncias de cada jogo e da situação do CAP no campeonato, mas podemos afirmar com toda certeza que o clube perde não só em segurança em partidas com torcida única, mas também em arrecadação.

Dito isso, é imperioso que se destine o espaço aos torcedores visitantes a fim de que o CAP também possa arrecadar nos moldes como outrora e, acima de tudo, para que todos os torcedores possam exercer o seu direito de apoiar o seu time.

Assine no link abaixo o nosso abaixo-assinado para que possamos impulsionar ainda mais o Movimento Contra a Torcida Única.


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

#2 - Vamos em frente!

Ante à repercussão muito acima do esperado inicialmente pelo grupo promotor do Manifesto contra o Projeto Torcida Única, não poderíamos deixar de agradecer a todos que deixaram seu apoio através do Twitter, Blog e Abaixo-assinado no change.org.

Ademais, ressaltamos que o intuito do movimento é dar voz à grande massa de torcedores, independentemente de clubes ou agremiações, que representam a grande maioria do público alvo do produto que é o futebol.

O objetivo é o mesmo dos demais participantes das reuniões que elaboraram o projeto: a segurança nos estádios e fora deles, a liberdade aos torcedores e a boa convivência entre eles.

Buscamos aqui demonstrar que as medidas adotadas no Projeto Torcida única se mostram ineficientes, ao passo em que proporemos medidas alternativas para alcançarmos o cenário ideal em torno do futebol brasileiro, especialmente o paranaense.

Dessa maneira, precisamos do apoio do máximo de pessoas que pudermos alcançar através do abaixo-assinado para embasar futuro parecer a ser apresentado nos termos aqui referenciados em futura reunião com MP, CAP e TOF.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

#1 - Resposta à Carta Publicada pelo Clube Atlético Paranaense



            Aparentemente, o Clube Atlético Paranaense, em sua gestão 'CAP GIGANTE' está numa verdadeira jornada pela proteção e efetivação de um dos direitos mais fundamentais inerentes ao ser humano, o da sua dignidade.

            É realmente comovente ver o romance elaborado em busca de tapar o sol com a peneira. Que "o futebol não é uma guerra” é óbvio para qualquer vivente em sociedade, em que pese muitos desses insistam em protagonizar cenas lamentáveis de violência gratuita que nos fazem questionar sua capacidade cognitiva.

            Mais certo ainda é a necessidade de clubes, órgãos públicos e autoridades de segurança tomarem medidas a fim de devolver ao desporto a paz que lhe é devida para sua prática, bem como, para que os aficionados possam livremente acompanhar e se expressar em prol da agremiação com a qual mais simpatizam.

            De qualquer maneira, chega a ser vergonhosa a tamanha infantilidade expressa na Carta Aberta do Clube Atlético Paranaense, tendo em vista a tamanha demagogia que escorre em cada frase.

            “Estamos tentando reparar algo que faz parte do direito fundamental dos seres humanos” [...] "Estamos, sim, trazendo de volta o que é certo e correto" [...] “Aqueles que não puderem conviver pacificamente com o torcedor do outro clube ao seu lado, não pode(m) viver em uma sociedade” [...] “Nunca serão de torcida única, serão sempre jogos de uma torcida humana, pacífica e ordeira" [...] "Que a sociedade nos julgue”. (Grifo nosso).

            Por esta senda já é possível ter-se uma ideia do teor do restante da Carta.

            Diferentemente daquilo que acusa a atual gestão do CAP, nós, contrários à medida da torcida única, da maneira como está sendo adotada pelo Clube e pelo Ministério Público – frisa-se –, não "defendemos o errado ou o espaço confinado da torcida adversário(a)", nós defendemos o torcedor de bem, aquele, aliás, que tem mais direitos restringidos por conta dessa 'estratégia'. (Grifo nosso)

Ademais, como deixado claro em aludida carta, o que se visa é assegurar ao torcedor, sobretudo, sua dignidade enquanto ser-humano.

Ocorre que não podemos distorcer o verdadeiro sentido de um ser-humano “digno”. Nossa sociedade, em um sentido macro, buscou e ainda busca evolução dia após dia do verdadeiro significado da dignidade humana.

Como sugestão, utilizamo-nos da didática do ilustre Immanuel Kant, filósofo alemão que, em linhas gerais, atribui a dignidade como um elemento finalístico, isto é, um ser-humano digno, seria aquele capaz de realizar-se, de em pleno gozo da sua capacidade ter a decisão do seu destino.

Nesse sentido, segregar cânticos, cores e costumes adversários se mostra uma atitude digna por parte da “humana gestão” que gere o CAP?

            Veja bem, a visão de futuro que a Diretoria possui não é ruim. Ora, quem não gostaria de frequentar estádios para ver seu time, da mesma maneira com que muitos vão aos jogos das seleções na copa do mundo, ou de esportes americanos, isto é, com torcedores de ambas as equipes, lado a lado, torcendo e vibrando.

            O que se questiona é a forma como vem sendo feita.

            Percebe-se que a Diretoria, bem como, o Ministério Público do Estado do Paraná, não pretendem outra coisa senão lavarem as mãos acerca do problema da violência no futebol, uma vez que, impedindo as torcidas de frequentarem estádios rivais, apenas jogam as brigas generalizadas para longe dos holofotes, em terminais de ônibus, praças públicas, ruas e grandes avenidas.

            Ademais, a simples extinção do 'setor visitante’ não resulta em que haja no estádio torcedores apenas do time da casa, vide as recentes partidas contra Internacional e Flamengo, cujas torcidas compraram seus ingressos para acompanhar os jogos na Arena da Baixada, gerando enorme insegurança aos atleticanos que pretendiam fazer-se presentes.

            Não se pode olvidar de que em tempos atrás tínhamos cenários muito favoráveis ao futebol paranaense, com diversos Atletibas no Couto Pereira sem a divisão de torcidas, sendo que cada grupo organizado se posicionava em seus tradicionais extremos do estádio.

            Contudo, a realidade vivida atualmente é demasiadamente complexa. Anos se passaram. Brigas, ofensas, mortes. A simples retirada das divisões entre os torcedores adversários sem o mínimo de cuidado nessa transição de culturas de torcida que a Diretoria do Atlético nos impõe representa uma verdadeira irresponsabilidade, expondo diversos torcedores ao risco de deparar-se com um adversário na arquibancada que, por um motivo ou outro, crie uma desavença e inicie a confusão.

Aliás, já tivemos a lamentável experiência do que a ausência de segurança (e de divisão de torcidas de maneira satisfatória) pode acontecer. Infelizmente o último jogo de 2013 ficou marcado pela selvageria protagonizada entre criminosos que dizem representar a torcida do Atlético e do Vasco.

Infelizmente, não podemos presumir a boa-fé e estamos na iminência de mais uma partida entre as duas equipes. Será que um pai de família confia na decisão do clube e acreditará que não teremos problemas nesse jogo? Ou será que este mesmo pai se sente plenamente seguro na palavra do I. Promotor Maximiliano Deliberador (que data vênia, nunca deve ter pisado em um estádio de futebol)?

            Como seria perfeito o mundo em que a Diretoria do Atlético Paranaense desenhou em sua Carta. Onde todos fossem perfeitamente racionais a ponto de ignorar os mais intensos impulsos de emoções durante uma partida de futebol.

            A intenção é boa. A forma como está sendo feita, grotesca. A Carta, cujo conteúdo encontra-se abrilhantado por pequenos erros gramaticais, é ingênua e desprendida de qualquer vínculo com a realidade.

            Vamos todos juntos por amor ao Furacão! Ao Furacão!